quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O mestre

Os conhecimentos adquiridos naquele período, foram simplesmente mágicos! Depois de cinco anos distantes, o reencontro e o convite para trabalhar em seu próximo filme. Com argumentos convincentes, disse de forma clara e objetiva: - Você é a pessoa que eu precisava para compor minha equipe. Surpreso, então lhe perguntei o motivo da escolha e que função eu teria. Não exitou em dizer que havíamos nos conhecido no coração da floresta, e que por ter vivido por 365 dias naquele ambiente, entendia como os mecanismos naturais da gigante verde funcionava. Relatou então minhas funções, a produção e sobretudo a estrutura de pensamento do filme, pensei então, quanta responsabilidade! Nome do filme: Árvore, local, Serra do Divisor, Acre.
Parecia não acreditar no convite e nas informações que me foram passadas naquela tarde em uma sorveteria do Rio de Janeiro. Aceitei é claro!!!
Meses depois, estava morando na cidade maravilhosa e vivendo momentos inesquecíveis....
Ganhador de inúmeros festivais internacionais de cinema, o renomado cineasta que conheci na floresta, então passou a ser meu mestre, me ensinou um universo desconhecido, a sétima arte. Foram meses de convivência, onde sempre relatava o que era o verdadeiro cinema, dizendo em tom suave e com sotaque carioca: cinema é observar as pessoas, a maneira como se locomovem, seus gestos, é tudo muito simples, e como a vida deve ser.
Adorava conversar, e durante suas prosas, descreveu suas viagens pelo mundo, seus pensamentos refinados, seu amor pela natureza, pelos seus filhos e amigos, mas sobretudo pelo desejo infinito em documentar a vida através de imagens e sons. Presentiou-me com livros, com bicicleta, jantares no maravilhoso e simples restaurante barreado, mas o maior presente certamente foi sua amizade. Foi o pai que não tive, sensível, amigo, inteligente, solidário, humilde, verdadeiro, e uma dezena de virtudes.
Preferiu partir em outra jornada, deixando certamente um enorme vazio em meu coração.
Saudades eternas.
Hoje sinto sua presença!
E agradeço por ter surgido em meu caminho.
Até breve, Sérgio Bernardes.

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