sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Pé na bola

Apita o árbitro.......bola rolando....... Em ano de copa do mundo, e devagando em pensamentos na praia do Araçagi, lembranças dos tempos de futebol e das inúmeras bolas que os vizinhos em minha infância furaram e faziam questão de pendurar como troféus para intimidar a molecada da rua. Lembrei -me do trabalho que tínhamos em limpar os terrenos baldios para realizar a pelada, em meio a pedras, espinhos e muita serragem para aliviar os pés. As traves, essas eram um caso à parte, pois eram confeccionadas com muita arte e pouca segurança, motivo de muitas brigas e alguns galos na cabeça. Adrenalina nunca faltou, pois era constante a fuga da polícia aos finais de semana. Motivo: invadir a quadra da lendária Escola Avanço e do maravilhoso jardim da laborterápica! Impossível não esquecer das brigas no Rizzini, dos campeonatos de várzea no portinho, os treinos no centro educacional Jorge Brüder e os finais de semana na chacará dos primos! Era tanto futebol, que não tinha tempo feio, aliás, adorava jogar na chuva, seja ela fraca ou torrencial. Logo estava treinando no renomado Clube Banespa, e posteriormente, um período de testes em um time da segunda divisão da Espanha. Ir ao estádio ver o timão jogar era um delírio, uma loucura ver os adultos tremularem as grandes bandeiras, e ver os craques e ídolos daquela geração. Jogavam realmente por amor ao time! Ainda mais o meu, que é o time do povo, imagine os figuras que circulavam nos estádios nas décadas de 80 e 90. Atualmente, me contento em conhecer o museu do futebol em São Paulo e das lembranças dos gols feitos e perdidos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O mestre

Os conhecimentos adquiridos naquele período, foram simplesmente mágicos! Depois de cinco anos distantes, o reencontro e o convite para trabalhar em seu próximo filme. Com argumentos convincentes, disse de forma clara e objetiva: - Você é a pessoa que eu precisava para compor minha equipe. Surpreso, então lhe perguntei o motivo da escolha e que função eu teria. Não exitou em dizer que havíamos nos conhecido no coração da floresta, e que por ter vivido por 365 dias naquele ambiente, entendia como os mecanismos naturais da gigante verde funcionava. Relatou então minhas funções, a produção e sobretudo a estrutura de pensamento do filme, pensei então, quanta responsabilidade! Nome do filme: Árvore, local, Serra do Divisor, Acre.
Parecia não acreditar no convite e nas informações que me foram passadas naquela tarde em uma sorveteria do Rio de Janeiro. Aceitei é claro!!!
Meses depois, estava morando na cidade maravilhosa e vivendo momentos inesquecíveis....
Ganhador de inúmeros festivais internacionais de cinema, o renomado cineasta que conheci na floresta, então passou a ser meu mestre, me ensinou um universo desconhecido, a sétima arte. Foram meses de convivência, onde sempre relatava o que era o verdadeiro cinema, dizendo em tom suave e com sotaque carioca: cinema é observar as pessoas, a maneira como se locomovem, seus gestos, é tudo muito simples, e como a vida deve ser.
Adorava conversar, e durante suas prosas, descreveu suas viagens pelo mundo, seus pensamentos refinados, seu amor pela natureza, pelos seus filhos e amigos, mas sobretudo pelo desejo infinito em documentar a vida através de imagens e sons. Presentiou-me com livros, com bicicleta, jantares no maravilhoso e simples restaurante barreado, mas o maior presente certamente foi sua amizade. Foi o pai que não tive, sensível, amigo, inteligente, solidário, humilde, verdadeiro, e uma dezena de virtudes.
Preferiu partir em outra jornada, deixando certamente um enorme vazio em meu coração.
Saudades eternas.
Hoje sinto sua presença!
E agradeço por ter surgido em meu caminho.
Até breve, Sérgio Bernardes.

domingo, 24 de janeiro de 2010

LoLÔ

Alguns familiares na ocasião, ficaram preocupados com sua chegada a este plano. Questionaram quase tudo, a forma que a mãe pariu, o local, e mais algumas divergências familiares, normal se considerar o especial momento. Aflição dos que estão esperando, tranquilidade e sabedoria de quem chega. Em casa de parto e de forma natural, nasceu com saúde, elemento fundamental para prosperar. A pequena fez 2 anos, caminha cambaleando pelos cantos da casa, já sabe falar algumas palavras, adora dançar e quase sempre abre um divertido e engraçado sorriso! O pai coruja, vive chamando ela de riqueza, a mãe, como quase todas, inventa inúmeros apelidos, mas acho que prefere chama-lá de LoLÔ. De nome e personalidade forte, Lorena é mais uma brasileira, mais uma bela alma que certamente irá contribuir nesse universo, afinal, vive meditando com alguns mestres indianos em templos paulistas. De presente, fui escolhido padrinho e como madrinha a natureza.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O melhor abraço do mundo.

Percebi que era o melhor abraço do mundo, depois de alguns meses, que delícia! Hoje acordei lembrando do abraço, do sorriso sempre simpático e das inúmeras conversas naquele friozinho do sul. Nunca fui de dar abraços para ser sincero, mas esse eu não esqueço jamais. Quanta troca de energia, quanto respeito, quanto carinho! Aprendi muito, até mesmo a entender os sentimentos alheios e como administrar esse roteiro incerto e verdadeiro. Conselhos, idéias e muitas risadas sempre fizeram parte do enredo. Adorei as trocas, sejam elas de receitas culinárias, de músicas, de pensamentos e da companhia quando a solidão incomodava. Desencontros fazem parte de qualquer drama, mais encontros também são bem vindos, pois neles volto a sentir sua energia e me oportuniza a sentir o verdadeiro melhor abraço do mundo.
Absurda saudade, neguinha!

Desabafo

Agora dizem que a culpa é minha! Afinal de contas, muito carinho e amor parecem incomodar as pessoas. Hilário se não fosse trágico. Quanta desconfiança dos muitos que ainda não conhecem o mais nobre sentimento. Lamento pela falta de coragem aos corações que guardam mágoa e que sofrem espiritalmente. Prefiro acreditar na falta de sensibilidade do que na mais perversa maldade. Deixe fluir, vamos lá, seja sensível para com as pessoas e todos os demais seres vivos. Abrace uma árvore, converse com peixes, observe a beleza das flores, respire fundo e permita-se. Não tenha medo de amar, mas lembre-se que o mais importante, é certamente gostar de quem gosta de você! Seja Feliz com os amores que a vida lhe oferece.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Oficina da imaginação

......chegou de mansinho ao meu lado, leve, livre e sempre desconfiada, decidiu voar de forma majestosa,virou-se em um giro magnífico de 90 graus, apontou seu olhar em minha direção e observou por alguns preciosos minutos meus movimentos! Meses e meses de observação, desconfiança diminuindo e confiança aumentando. Malis Dives, Jethro tull e Enya, trilha sonora original estabelecida, afinal de contas, sons lembram momentos específicos, e assim, segue a sinapse. Dificuldades para as coisas simples do dia-a-dia, facilidades para os pensamentos mais complexos, uma loucura lúcida nesses 45 dias de total isolamento. Definição: " A loucura é tão clara como o escuro da lucidez". Aproximação inicial identificada, longos olhares, movimentos suaves e o fascinante silêncio que nos permitiu remeter a estudos de comportamento. Iniciamos um diálogo em sintonia com os sons emitidos entre ambos. Sincronia no ar e dificuldades iniciais em acreditar no fato ocorrido. Formas de comunicação até então desconhecida! Alguns conselhos, outros relatos, e muita sabedoria naqueles alucinantes finais de tarde em sua presença. Ainda hoje, murmura em meus ouvidos quando solicitada, está sempre presente, basta ter sensibilidade, concentração e percepção.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Chef

Chef de cozinha internacional e com larga experiência na arte da culinária, Francisco sempre que vêm ao Brasil, hospeda-se em minha casa, onde aproveito para aprender alguns pratos e drinks especiais. Meu nobre amigo, conheci em uma das minhas viagens pela América do Sul, mas precisamente no Chile, país que me encantei e adorei conhecer, afinal, não é qualquer país do mundo que têm oito climas distintos. Mas falando de culinária, sempre gostei de cozinhar, principalmente para os amigos, pois esses são sinceros em dizer suas opiniões. Os pratos mais requintados ensinados pelo amigo chileno, sinceramente ainda não tive coragem de fazer, ou talvez faltou mesmo oportunidade e alguns ingredientes quando a coragem desperta. Atualmente o tímido cozinheiro tupiniquim, circula pelo cozinha Italiana, fazendo seus pães, bolos, nhoque e a última foi uma simples lasanha de brócolis, oferecido a três amigas cobaias que residem em São Luis. Foram simpáticas elogiando a pasta e cobraram a sobremesa, solicitando um doce de cupuaçu, que por descuido do simples cozinheiro, faltou naquele alegre e divertido almoço de domingo!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ciência & Arte

Entre a ciência e a arte, acredito haver um espaço, algo solto no ar!
Em absoluto, uma árvore têm mais olhos do que folhas, isso mesmo, mais de um milhão de seres vivos, de alguma forma associam-se a majestosa e sagrada Sumaúma (Ceiba pentandra), árvore gigante que vive nas florestas das américas, é conhecida como a rainha da floresta. Desisti de ser pesquisador do INPA, faltava quase tudo, amor, carinho, sensibilidade, respeito e outras coisitas mas. Demissão na certa ! Da floresta para a selva de pedras, da ciência para a arte. Hoje, tanto arte quanto ciência, parecem me seguir de forma pacifíca, apesar de acreditar haver um vazio entre essas duas vertentes.

sábado, 9 de janeiro de 2010

Prisma

Não fez quase nada, praticamente mudou de côr como um camaleão.
Preferiu ficar vermelha do que propriamente agir. Escolha feita, decidiu escolher o caminho das lisas pedras de limo, que por sinal são verdes. O trajeto de fato não era longo, mas com alto grau de dificuldade diante do tempo cinzento. De início, um escorregão ali, outro aqui,e pronto, percebeu que havia escolhido o caminho mais difícil. Decidiu não retornar, e para não molhar seus pés, ou mesmo para não ficar com um hematoma, daqueles bem roxo, preferiu deslocar-se para uma das margens do maravilhoso caminho das águas. Conseguiu andar por mais alguns metros, e mais um pequeno deslize, desta vez pisou na lama e afundou seu pé de barro. Sempre educada, remeteu-se ao silêncio e a um gesto facial de descontento. Seguiu, e logo encontrou um pé de laranja, colheu algumas e continuou sua jornada, pois sabia que possivelmente outras dificuldades estariam pela frente. Entre um obstáculo e outro, reflexões e mais reflexões, a sensação era de estar fazendo um caminho de buscas. Lembrou-se que anos atrás a coisa estava preta, dificuldades em quase tudo! Literalmente parecia nadar contra a corrente, em um caminho escolhido e não induzido. Quase chegando a queda d'água, o céu estava se abrindo em uma tonalidade de azul deslumbrante, mais que perceber a abertura do tempo, conseguiu compreender que independente do caminho escolhido, não desistiu em nenhum instante. De fato não amarelÔ, apesar de sua cor preferida ser o amarelo.
Ao chegar no destino, mergulhou, suspirou, e com um lindo sorriso colorido, disse em voz baixa: "cheguei ". Ao fundo, um lindo arco-íris e novos caminhos pela frente.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

(geo)metria

Na (geo)metria do universo, nunca seja quadrado, tente triangular com a paz, o amor e a liberdade.
Circule, gire pelos aspirais do desejo, e acredite que rodar é necessário.
Siga em frente, se for bater, que seja no tambor e com muito amor. Crie, e de preferência coloque em prática em esferas coloridas.
Liberte-se, acredite sempre, e quando estiver cansado ou desanimado, respire fundo e perceba com atenção, sua intuição retangular.
Chame a força, esta não tem forma, mas têm o essencial: a verdade.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

entre os grãos

No minúsculo povoado de seres-grãos, toneladas e toneladas de areia se deslocam e configuram um cenário absolutamente inovador a cada instante. Regido pelo elemento vento, as dunas em constante formação, possibilitam uma paissagem deslumbrante. Seres que vivem ali, no meio de conexões ambientais e comportamentais, no mínimo interessantes, de fato são surpreendentes aos olhos de quem as vê pela primeira vez.
Deslocamento quase zero, seres-graõs reforçam as teorias evolucionistas, afinal, areias escaldantes proporcionam adaptações necessárias e fáceis de identificar. Gente simples, de fala mansa, acolhedores, mas reservados, sábios homens de inúmeras habilitades diante de um chão que se move constantemente. O entendimento é o seguinte: os seres-grãos geralmente estão parados, enquanto o ambiente se desloca, pura magia no ar em um local de belas praias, lindos manguezais, maravilhosas lagoas e de agradáveis noites.
"adorei sentir o cheiro, curtir o visual e entender a força dos grãos que giram pelo mundo".